quinta-feira, 29 de julho de 2010

Choro em silencio

Cheguei ao mundo chorando. Chorar foi a forma de provar que estava vivo. Mas se esse meu primeiro choro alegrou aqueles que me amavam ainda sem me conhecer, meus choros seguintes - também de dor como o primeiro - podem incomodar aqueles que me amam por me conhecer. Todo choro é de desespero, seja por não aguentar de dor, seja por não saber como lidar com tanta alegria. Só que ninguém gosta de pessoas desesperadas. Na infância chorava para que me notassem, me socorressem, mas na vida adulta isso não adianta muito. Os amores não dão certo, as amizades passam por crises, as pessoas se afastam, e chorar nada resolve.

Dentre as vivências que me fizeram chorar, de alegria e de tristeza, nada supera as lágrimas daquela amizade apaixonada. Foram os melhores choros de felicidade, foram os mais merecidos choros de momentos não tão felizes assim. Da perda, ficaram os choros solitários de saudade. Choros daqueles que ninguém entende, ninguém apóia, ninguém consola. Então, chega a hora de deixar de chorar. Quando não se consegue o que se quer de um jeito é preciso mudar de jeito. Sem chorar, sem as pirraças do coração fazerem efeito, aprendi a esperar, ao invés de chorar. Não que um dia a saudade deixe de doer, mas, um dia, a gente cresce e aprende a chorar em silêncio. E, muitas vezes, esperar e sentir esperança é um jeito de chorar em silêncio, sem que se note, sem que se veja, sem que se importem. Não importa, chorar, mesmo que em silêncio, sempre será um jeito de provar que ainda se está vivo e esperando.

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